sábado, 13 de julho de 2013

A descoberta de uma paixão



            Meu irmão mais velho, que nos anos 80 ouvia Queen, Supertramp, Pink Floyd , Michael Jackson e outros grandes nomes do pop e rock, num dia de 1987 que mudaria minha vida para sempre sabiamente me recomendou:
— Ouve essa fita aqui. É muito bom!
            Olhei para capa azul clara com um violão prateado (que depois descobri ser um dobro) sem ter ideia da felicidade suprema que aquele lindo céu azul me traria.
— Vou escutar agora!
Coloquei a fita no som e algo mágico aconteceu.
— Já ouvi essa música. Que legal! Que banda é essa? Não entendia nada de inglês na época. Mas amei a melodia de So far away!
Na faixa seguinte uma guitarra alucinante e uma bateria potente me impressionaram:
— Caramba! Que baterista é esse? Que guitarrista fantástico é esse? Money for nothing me contagiou com o vírus do fascínio e da curiosidade.
            Comecei a dançar arrebatada pelo ritmo de Walk of life, que até hoje é a minha música favorita do Dire Straits. Mark , John, Alan, Guy, Terry (Omar Hakin) e Jack me fisgaram com um som perfeito. Foi o início da paixão de uma vida inteira. Mas ainda havia muito a descobrir na brilhante trilha da maior banda de rock britânico que conheço. Quando já estava com inglês fluente descobri que a letra fala de um músico querendo fazer sucesso.
Adorei o sax de Your latest trick! Mágico e sensual!
Why Worry me desconcertou! Amei o piano, o violão, a melodia, a letra! Tudo perfeito! Já a usei muitas vezes para acalmar meu pavio curto e nervosismo! É meu mantra knopfleriano! Ouvi tanto Why Worry que gastei a fita! Comprei outra depois! Não consigo ficar sem ouvir meu disco favorito por muito tempo.
Ride across the river me intrigou com a melodia engraçada própria para uma letra que fala de guerrilha.
The man’s too strong me impressionou pelo violão e bateria alucinante. A letra é a confissão de um ladrão com tom irônico!
One World traz mais uma vez a guitarra fantástica de Knopfler que me faz ter vontade de saltar da cadeira. Mas o jeito é dançar com os braços e a cabeça e curtir meu álbum favorito.
Em Brothers in arms, a faixa-título, Mark faz a guitarra chorar no brilhante hino contra a guerra e a violência em uma de suas letras mais poéticas e que sempre me emociona. É a canção do Dire que mais cala fundo em minha alma e fecha o álbum com maestria absoluta.
Naquele tempo não havia google nem you tube. Fiquei escutando a fita de maneira viciante. Até que no ano seguinte chegou às lojas a coletânea Money for nothing e programas de tv começaram a contar a história do Dire. Vi a banda pela primeira vez quando a antiga TV Manchete passou o show de Wembley da tour do Brothers in arms! Não lembro direito em que ano foi, mas fiquei alucinada e hipnotizada com a magia de Mark na guitarra, a precisão de John no baixo, a bateria potente de Terry, a alegria contagiante e a competência de Jack na guitarra base, a maestria e a sutileza de Alan nos teclados, os backing vocals suaves de Jack, John e Guy, que também toca como tecladista e o sax fantástico de Chris. Fiquei ainda mais apaixonada pelo Dire Straits.
Fiquei tão ansiosa para ouvir a coletânea Money for nothing e pedi tanto que minha mãe me deu a fita antes do Natal de 1988. Outro momento mágico e inesquecível!
Corri para o som para ouvir!
Fiquei impactada pelo solo fantástico de Sultans, o solo misterioso           e poético de Down to the waterline, a beleza de Portobello belle ao vivo, o swing de Twisting by the pool, o lirismo e a poesia de Tunnel of love com piano e a guitarra espetaculares, a delicadeza de Romeo and Juliet , o ar de mistério e ciúme de Where do you think you’re going, o som diferente e arrebatador de Private investigations em que Mark, John e Alan demonstram um talento descomunal, a melodia e o piano e a guitarra arrasadoras e a letra épica de Telegraph road, que fui entendendo aos poucos à medida que fui aprofundando meu conhecimento de inglês. Foi a primeira vez que ouvi todos esses clássicos do Dire Straits além de curtir a alegria de Walk of Life e Money for nothing e da bela Brothers in arms, que já corriam em minha veias. Foi com o encarte de Money for nothing que descobri o nome dos álbuns da banda comandada por Knopfler e tive acesso às letras das músicas, que fui decifrando com a ajuda dos meus professores de língua inglesa.
 Aos quinze anos em 1991 ganhei toda a discografia dessa grande banda como presente de aniversário e mergulhei fundo no mundo direstraitiano. Os álbuns Brothers in arms e Money for nothing me marcaram muito e mudaram minha vida para sempre. A febre que me causaram é boa e não tem cura. Tornou minha vida mais feliz. Ouvir Dire Straits e Mark Knopfler me dá alegria, paz e vontade de conhecer o Reino Unido. Sem Dire fico mais estressada do que já sou. Quando estou muito tensa recorro a Knopfler. Só a música desse gênio da guitarra me acalma e por isso no Dia Mundial do Rock presto a devida homenagem ao Dire Straits.



Pretendo fazer aqui nesse blog uma análise de cada álbum do Dire na medida do possível. 

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