quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Homenagem a Ziraldo


Ziraldo plantou em mim a semente do  interesse pelos livros com Flicts, Lygia Bojunga, Agatha Christie, Fernando Sabino, Luis Fernando Verissimo, Zélia Gattai, Jorge Amado e Graciliano Ramos regaram a planta da literatura e virei uma leitora voraz. Por isso, presto hoje minha homenagem ao Ziraldo, o aniversariante do dia.
Flicts foi o primeiro livro que li. A história da cor bege que queria entrar no arco-íris, mas não podia me encantou. Lembro que não largava o livro. Gostava de desenhar e  fiquei fascinada com as cores retratadas no livro: vermelho, laranja, amarelo, azul, verde, anil e violeta. Depois de adulta, percebi que o bege é discriminado por ser diferente e que a história trata de preconceito e aceitação das diferenças.
Lembro que também li os livros O bichinho da maçã e Uma professora muito maluquinha e até hoje me divirto lendo as tirinhas d´O menino maluquinho.
Na Bienal do livro de 2011 comprei o livro O mais querido do Brasil em quadrinhos  e consegui um autógrafo do Ziraldo, o que me deixou muito feliz. Nesse ótimo livro publicado em 2009, usando uma linguagem objetiva e divertida, Ziraldo conta a história do Mengão e relembra os principais títulos do clube entre 1942 e 2009. Foi muito legal ler esse livro, recordar as glórias do Flamengo e saber que o escritor que despertou a minha paixão pela leitura também é rubro-negro. 
Parabéns, Ziraldo! Muitas felicidades e obrigada por ter me aberto as portas para o maravilhoso mundo da leitura.

domingo, 30 de setembro de 2012

Tradução de Privateering

Privateering
(Mark Knopfler)


Yon’s my privateer

See how trim she lies

To every man a lucky hand

And every man a prize

I live to ride the ocean

The mighty world around

To take a little plunder

And to hear the cannon sound

To lay with pretty women

To drink Madeira wine

To hear the rollers thunder

On a shore that isn’t mine



Privateering we will go

Privateering, yo ho hoho

Privateering we will go

Yo ho ho, yo ho ho



The people on your man o’ war

Are treated worse than scum

I’m no flogging captain

And by God I’ve sailed with some

Come with me to Barbary

We’ll ply there up and down

Not quite exactly

In the service of the Crown

To lay with pretty women

To drink Madeira wine

To hear the rollers thunder

On a shore that isn’t mine



Privateering we will go

Privateering, yo ho hoho

Privateering we will go

Yo ho ho, yo ho ho



Look’ee there’s my privateer

She’s small but she can sting

Licensed to take prizes

With a letter from the King

I love the streets and taverns

Of a pretty foreign town

Tip my hat to the dark-eyed ladies

As we sally up and down

To lay with pretty women

To drink Madeira wine

To hear the rollers thunder

On a shore that isn’t mine



Privateering we will go

Privateering, yo ho hoho

Privateering we will go

Yo ho ho, yo ho ho



Britannia needs her privateers

Each time she goes to war

Death to all her enemies

Though prizes matter more

Come with me to Barbary

We’ll ply there up and down

Not quite exactly

In the service of the Crown

To lay with pretty women

To drink Madeira wine

To hear the rollers thunder

On a shore that isn’t mine



Privateering we will go

Privateering, yo ho hoho

Privateering we will go

Yo ho ho, yo ho ho


Tradução

Corsear



Esse é minha nave corsária

Veja como está em boas condições
Pra cada homem  um trabalho de sorte

E para todo homem uma presa

Vivo para viajar no mar

Pela imensidão do mundo

Para pilhar um pouco

E ouvir o som do canhão

Dormir com mulheres bonitas

Beber o vinho da Ilha da Madeira

Ouvir as ondas altas arrebentarem

No litoral que não é o meu



Corsear lá vamos nós

Corsear yo ho hoho



Corsear lá vamos nós

Corsear yo ho hoho



As pessoas de um navio de guerra

São tratadas pior do que a escória

Não sou um capitão que açoita

Mas juro por Deus já velejei com alguns assim

Vem comigo para a Bárbária

Vamos pilhar por toda a parte

Não exatamente

A serviço da Coroa

Para dormir com mulheres bonitas

Beber o vinho da Ilha da Madeira

Ouvir as ondas altas arrebentarem

No litoral que não é o meu



Corsear lá vamos nós

Corsear yo ho hoho



Corsear lá vamos nós

Corsear yo ho hoho





Esse é minha nave corsária

Ela é pequena, mas pode lesar

Tem licença para pegar presas

Com uma carta do Rei

Amo as ruas e tavernas

De uma bela cidade estrangeira

Cumprimento as mulheres de olhos escuros com o chapéu

Enquanto atacamos em toda a parte

Para dormir com mulheres bonitas

Beber o vinho da Ilha da Madeira

Ouvir as ondas altas arrebentarem

No litoral que não é o meu



Corsear lá vamos nós

Corsear yo ho hoho



Corsear lá vamos nós

Corsear yo ho hoho



A Grã Bretanha precisa de naves corsárias

Toda vez que entra em guerra

Morte a todos os inimigos

Embora as presas importem mais

Vem comigo para a Bárbária

Vamos pilhar por toda a parte

Não exatamente

A serviço da Coroa

Para dormir com mulheres bonitas

Beber o vinho da Ilha da Madeira

Ouvir as ondas altas arrebentarem

No litoral que não é o meu



Corsear lá vamos nós

Corsear yo ho hoho



Corsear lá vamos nós

Corsear yo ho hoho


Notas sobre a letra de ''Privateering'':

''Privateerining'' é mais uma canção espetacular de Knopfler, a minha favorita do álbum. Adoro o sabor celta, a beleza da letra, o violão...
Nessa canção, cujo tema é a pirataria, Knopfler usa palavras antigas como ''Yon'' e de cunho literário como ''mighty'' e ''rollers'', além de referir ao termo ''privateer'' como ''she''.
O termo ''privateer'' pode ter vários sentidos como:
1) Navio corsário
2) A atividade do corso (pirataria)
3) O capitão  ou tripulante do navio pirata

Na minha interpretação, o sentido usado na letra é o 1. E como Mark personifica o navio , referindo-se ao termo como ''she'' (ela), usei uma palavra antiga e feminina na tradução : ''nave corsária'',
Abaixo, posto um link para um vídeo de ''Privateering''.


http://www.youtube.com/watch?v=wiw6tVBWTpk


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Tradução de Redbud Tree e Haul Away, de Mark Knopfler

Começo hoje a publicar a tradução das letras das canções do novo álbum do guitarrista e compositor Mark Knopfler, Privateering.
Todas as letras originais foram copiadas do site oficial do Mark: http://www.mark-knopfler-news.co.uk/
A tradução é minha.

Redbud tree

(Mark Knopfler)


Hunted down, I came upon

A place of ferns and grass

Gathered to a redbud tree

And now their footsteps pass

Where I crouch in dread

Discovery my certain death

Her leaves reaching for my head

As I suspend my breath



Redbud tree, shelter me, shelter me

Redbud tree, shelter me, shelter me



Those days of fear are gone

Yet I am pledged to her

As to my only one

My lovely protector



Redbud tree, shelter me, shelter me

Redbud tree, shelter me, shelter me

Redbud tree, shelter me, shelter me

Redbud tree, shelter me, shelter me




Tradução


Olaia norte-americana



Perseguido, cheguei a

Um lugar com samambaia. e grama

Protegido por uma olaia norte-americana

E agora o som dos passos passou

Onde me agachei com pavor

A descoberta seria minha morte certa

As folhas dela batendo na minha cabeça

Quando eu prendi a respiração



Olaia norte-americana, me abrigue, me abrigue

Olaia norte-americana, me abrigue, me abrigue



Esses dias de medo se foram

Mas eu garanto que ela é

Minha única

Adorável protetora



Olaia norte-americana, me abrigue, me abrigue

Olaia norte-americana, me abrigue, me abrigue

Olaia norte-americana, me abrigue, me abrigue

Olaia norte-americana, me abrigue, me abrigue





Haul Away

(Mark Knopfler)

It was a windless night when you left the ship

You never were a steady bold one

I gave my hand, ah, but you did slip

I’m a living man and you’re a cold one

Haul away, haul away for home



My love’s as fair as a girl can be

My wedding ring is a heavy gold one

Now you lie alone in the deep dark sea

I’m a living man and you’re a cold one

Haul away, haul away for home



The morning brings, Lord, a fresh young breeze

To fill our sails and end the doldrums

Our lucky ship speeds across the sea

I’m a living man and you’re a cold one

Haul away, haul away for home



Tradução:



Arrastado para longe

Foi numa noite sem vento que você deixou o navio

Você nunca foi equilibrado e corajoso

Dei minha mão, ah, mas você escorregou

Estou vivo e você está frio

Arrastado para longe, arrastado para casa



Meu amor é tão bom quanto uma garota pode ser

Minha aliança é pesada e de ouro

Agora você jaz no fundo do mar escuro
Estou vivo e você está frio

Arrastado para longe, arrastado para casa



Senhor, a manhã traz uma brisa fresca e nova

Para encher as velas e acabar com a calmaria

Nosso afortunado navio corre pelo mar

Estou vivo e você está frio

Arrastado para longe, arrastado para casa



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Centenário de Jorge Amado: a importância do prazer da leitura na formação do leitor


HCentenário de Jorge Amado: a importância do prazer da leitura na formação do leitor

            Hoje é o centenário de nascimento de um dos maiores escritores brasileiros do século XX: Jorge Amado.
            A obra do escritor baiano foi fundamental na minha formação como leitora. Quando eu ainda era adolescente, autores como Jorge Amado, Fernando Sabino e Zélia Gattai me mostraram como é bom ler.
            Capitães de areia foi um dos primeiros romances brasileiros que li. Gostei tanto da narrativa ágil e das aventuras de Pedro Bala e Dora que redescobri o prazer de ler literatura brasileira (antes preferia ler Agatha Christie) e comecei a me interessar não só por outros livros do escritor baiano, mas também por outros mestres da literatura como Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Machado de Assis. Vou comentar sucintamente alguns romances de Amado que me marcaram e me fizeram descobrir a Bahia e entender melhor o Brasil.
            Gabriela, cravo e canela me encantou ainda na adolescência com a história de amor de Gabriela e Nacib e o universo dos coronéis do cacau (também retratado com maestria em Terras do sem fim). Recentemente reli o livro para compará-lo com a atual adaptação para TV da narrativa amadiana. Agora mais madura, percebi melhor a importância de figuras femininas como a sensual Gabriela e a inteligente Malvina no romance. Malvina é um grito pela liberdade feminina em plena década de 1920, querendo casar por amor, estudar e trabalhar. Gabriela quer ser livre e viver sem se preocupar com as convenções sociais. Além disso, Mundinho Falcão representa a modernidade em oposição ao pensamento tradicional e violento dos coronéis, que acham que podem mandar em tudo e até matar. A condenação do coronel Jesuíno pelo assassinato da esposa Sinhazinha e seu amante mostra essa mudança e se enquadra na luta pela liberdade tão marcante na obra amadiana.
            Minha admiração por Jorge Amado aumentou ainda mais quando li Mar Morto — que hoje considero o melhor romance do autor baiano —  e Jubiabá , já na época em que cursei a faculdade de Letras da PUC. Adorei a linguagem lírica e sensível com que a história de Guma e Lívia é narrada, sem falar na discussão de problemas sociais como a falta de investimento em educação e as condições de trabalho dos pescadores e na força de mulheres tão diferentes como Lívia e Rosa Palmeirão.
            Vi uma professora da UFBA falar de Jubiabá em um seminário na PUC e corri para a biblioteca para lê-lo. Valeu a pena. Adorei a história do negro Antonio Balduíno. É notável que Amado coloque um personagem negro como protagonista sem vitimizá-lo e ainda descreva com maestria a cidade de Salvador nesse livro.
            O humor é outra faceta marcante na obra de Jorge Amado e está presente em obras como nos romances O sumiço da santa, Dona Flor e seus dois maridos e na aclamada novela A morte e a morte de Quincas Berro d'água. Nessas obras há elementos fantásticos e nas duas últimas a figura do malandro ganha destaque e a preocupação social tão característica das narrativas do autor publicadas na década de 1930 perde força.
            É exatamente o talento para tratar de temas universais como amor e a liberdade e retratar diferentes personagens — coronéis, meninos de rua, prostitutas, malandros, professores, moças de família, estivadores, pescadores, pais de santo — indo do trágico ao cômico — que faz com que Jorge Amado desperte o prazer de ler em leitores do mundo todo e mostre toda a riqueza da cultura brasileira.