Carlos
Drummond de Andrade é mais conhecido pela “face” de poeta. Mas meu primeiro
contato com a obra do grande escritor mineiro ocorreu pelos contos, lidos ainda
na escola, na minha adolescência.
Li o conto
“O sorvete” em uma antologia escolar, gostei do texto e por indicação de uma
professora li todo o livro Contos de
aprendiz no qual está incluído o
referido conto. Nessa narrativa, um menino do interior aproveita a folga do
internato para passear pela cidade atraído pelo cinema — paixão drummondiana—,
mas acaba indo a uma confeitaria tomar sorvete.
No primeiro conto do livro, “A
salvação da alma”, a trama da narrativa gira em torno da relação conturbada
entre dois irmãos.
No conto
“Presépio”, profano e sagrado se misturam na vida pacata da moça do interior.
No
magistral “A doida”, Drummond trata da exclusão social de uma senhora considerada
louca numa história cujo final surpreende e emociona o leitor.
Em “Câmara
e cadeia”, Drummond aborda questões atuais como impostos inúteis e as más
condições dos presídios.
´ Em
“Beira-Rio”, Drummond retrata a opressão aos trabalhadores de uma companhia
numa cidade do interior.
Em ”Meu
companheiro”, o leitor pode se encantar com a bela relação entre um homem e seu
cãozinho.
Em “Flor,
telefone, moça”, Drummond faz o leitor enveredar por uma história de morte e
mistério.
Em “A baronesa”, o tema é a
ganância de uma família na hora da morte de um parente.
Em “O gerente”, Drummond mostra o
lado cruel do ser humano.
Em seguida, o conto “Nossa amiga”
suaviza o clima da história anterior e mostra a delicadeza drummondiana de
tratar a criança.
Em “Miguel e seu furto”, o
personagem usa de autoritarismo para roubar o que não é dele.
Em “Extraordinária conversa com
uma senhora das minhas relações”, Drummond cita Valery num conto criativo e
moderno, rico em descrições e pensamentos do narrador e rompe com as convenções
do conto, embora surpreenda o leitor.
No interessante, “Um escritor nasce
e morre”, parece haver elementos autobiográficos, já que o narrador escreveu no
jornalzinho do colégio assim como o próprio Drummond. Além disso, não deixa de
ser irônico que o escritor narrador morra na década em que o grande escritor
mineiro publica seus primeiros livros de poemas e entra na cena literária
brasileira.
Se quando eu era adolescente,
contos como “A doida”, — que nunca deixa de me emocionar — e “Presépio”, já me
chamaram a atenção para a qualidade do texto drummondiano, hoje fiquei encantada
com o último conto e com a singeleza das narrativas que têm crianças como
personagem.
Nesse livro Drummond revela sua
maestria em surpreender o leitor em todas as narrativas e por isso fiz uma
breve análise de cada conto para não estragar o prazer da leitura de quem nunca
teve contato com esse ótimo livro.
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