terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Contos de aprendiz: meu primeiro contato com Drummond




          Carlos Drummond de Andrade é mais conhecido pela “face” de poeta. Mas meu primeiro contato com a obra do grande escritor mineiro ocorreu pelos contos, lidos ainda na escola, na minha adolescência.
            Li o conto “O sorvete” em uma antologia escolar, gostei do texto e por indicação de uma professora li todo o livro Contos de aprendiz no qual está incluído o referido conto. Nessa narrativa, um menino do interior aproveita a folga do internato para passear pela cidade atraído pelo cinema — paixão drummondiana—, mas acaba indo a uma confeitaria tomar sorvete.
No primeiro conto do livro, “A salvação da alma”, a trama da narrativa gira em torno da relação conturbada entre dois irmãos.
            No conto “Presépio”, profano e sagrado se misturam na vida pacata da moça do interior.
            No magistral “A doida”, Drummond trata da exclusão social de uma senhora considerada louca numa história cujo final surpreende e emociona o leitor.
            Em “Câmara e cadeia”, Drummond aborda questões atuais como impostos inúteis e as más condições dos presídios.
´          Em “Beira-Rio”, Drummond retrata a opressão aos trabalhadores de uma companhia numa cidade do interior.
            Em ”Meu companheiro”, o leitor pode se encantar com a bela relação entre um homem e seu cãozinho.
            Em “Flor, telefone, moça”, Drummond faz o leitor enveredar por uma história de morte e mistério.
Em “A baronesa”, o tema é a ganância de uma família na hora da morte de um parente.
Em “O gerente”, Drummond mostra o lado cruel do ser humano.
Em seguida, o conto “Nossa amiga” suaviza o clima da história anterior e mostra a delicadeza drummondiana de tratar a criança.
Em “Miguel e seu furto”, o personagem usa de autoritarismo para roubar o que não é dele.
Em “Extraordinária conversa com uma senhora das minhas relações”, Drummond cita Valery num conto criativo e moderno, rico em descrições e pensamentos do narrador e rompe com as convenções do conto, embora surpreenda o leitor.
No interessante, “Um escritor nasce e morre”, parece haver elementos autobiográficos, já que o narrador escreveu no jornalzinho do colégio assim como o próprio Drummond. Além disso, não deixa de ser irônico que o escritor narrador morra na década em que o grande escritor mineiro publica seus primeiros livros de poemas e entra na cena literária brasileira.
Se quando eu era adolescente, contos como “A doida”, — que nunca deixa de me emocionar — e “Presépio”, já me chamaram a atenção para a qualidade do texto drummondiano, hoje fiquei encantada com o último conto e com a singeleza das narrativas que têm crianças como personagem.
Nesse livro Drummond revela sua maestria em surpreender o leitor em todas as narrativas e por isso fiz uma breve análise de cada conto para não estragar o prazer da leitura de quem nunca teve contato com esse ótimo livro.

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